São dois assuntos demasiado sensíveis: agricultura e subsídios. Várias pessoas publicaram nas redes a sua indignação e solidariedade para com os agricultores que se manifestaram nos primeiros dias de Fevereiro, cortando a circulação de várias estradas do país. As razões deste protesto são em parte portuguesas: o Governo enganou-se ao inscrever uma área muito pequena (apenas 10 de 460 mil hectares) para reconversão da agricultura convencional em biológica, o que resultou em cortes de 35% nos apoios comunitários a ecorregimes de agricultura biológica e 25% nos de produção integrada. Mas as razões deste protesto são também europeias, com regras ambientais mais apertadas e o fim de subsídios ao gasóleo agrícola ou uma concorrência mais competitiva de produtores sul-americanos. Daí, a mimetização nacional dos métodos e slogans das manifestações em curso noutros países europeus. As palavras de ordem são dramáticas e o tom chega a ser violento: “sem agricultores não há comida”,...
“Então vais escrever um artigo a defender os ciganos? Não te metas nisso!” Pessoas próximas avisam-me, mesmo sabendo que um aviso destes costuma ser incentivo para eu avançar. Mostrei a alguém só este título, de resposta recebi uma exclamação: “que exagero!”. Avanço com ainda mais motivação, mas aviso desde já que o texto não vai ser curto. Dado o assunto em causa, sou apenas forçado a fazer um pequeno preâmbulo, e aproveito esta publicação para não ter de o fazer mais vezes. Preâmbulo: a lei é igual para todos, todos somos iguais diante da lei e a lei deve ser aplicada indiscriminadamente. “Ah, mas há problemas na comunidade cigana” – certo, mas há problemas em todas as comunidades, incluindo Portugal enquanto comunidade. Quem já estudou ou trabalhou na Europa Central e do Norte sabe como podem ser vistos os portugueses – e por vezes basta apenas lá passar de visita. Não é só o então presidente do Eurogrupo Dijsselbloem a dizer que os portugueses gastam o dinheiro em bebidas e mulhere...